O Japão aprovou nesta quarta-feira (14/01) um orçamento militar recorde de US$ 42 bilhões para o Ministério da Defesa, o maior desde a Segunda Guerra Mundial. A medida vem como resposta ao aumento de forças chinesas na região, dois meses depois de Tóquio e Pequim retomarem diálogos diplomáticos em meio a enfrentamentos em relação à soberania territorial.
EFE
Desde que Shinzo Abe entrou no poder, em 2012, país asiático aumentou gastos militares ano após ano
O ano fiscal japonês começa em abril e terá orçamento previsto de 4,98 trilhões de ienes (US$ 42,33 bilhões), o que representa um aumento de 2,8% nos custos de defesa, que serão destinados à compra de novos equipamentos, como aviões de patrulha e navios de combate.
O gabinete do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, justifica a decisão como uma maneira de reforçar a segurança do território, especialmente das ilhas Senkaku, situadas no mar da China Oriental, cuja soberania é reivindicada por Pequim.
“A situação ao redor do Japão está mudando”, declarou o ministro da Defesa, Gen Nakatani, à Reuters. “O nível de gastos de defesa reflete a quantia necessária para proteger o ar, mar e terra do Japão, e defender as vidas e propriedades de nossos cidadãos”, completou.
Mariane Roccelo/Opera Mundi
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Em manobra oposta à postura pacifista do Japão nas últimas décadas, o premiê aumentou os gastos militares do país desde que assumiu o posto, em 2012. Estima-se que grande parte das compras militares venha de equipamentos e armamentos norte-americanos.
Em novembro de 2014, China e Japão se encontraram durante o 22ª fórum da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico), em Pequim. Na ocasião, o presidente chinês, Xi Jinping, e Abe apertaram as mãos pela primeira vez desde que os dois líderes assumiram os respectivos cargos. Na reunião, ambos reconheceram as “diferenças”, mas se comprometeram para que essas divergências “não se transformem em obstáculos políticos ou em um inesperado conflito maior”.
Poucos meses antes da aproximação, o governo japonês anunciou que reinterpretaria a constituição pacifista em vigor no país desde 1947, e passaria a exercer o chamado “direito de autodefesa coletiva” no Livro Branco de Defesa 2014. Para Tóquio, a medida foi classificado um passo “histórico”, no sentido de fortalecer as forças de autodefesa, em um contexto de instabilidade crescente na região. A publicação também aponta China, Rússia e Coreia do Norte como possíveis ameaças.
EFE
De forma inédita, primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, cumprimenta o presidente da China, Xi Jinping, em novembro de 2014