A detenção de 14 altos funcionários do governo catalão, apontados como os organizadores da logística do referendo à independência marcado para 1 de outubro, provocou uma resposta imediata dos defensores da votação. Milhares de pessoas – 20 mil, segundo a Guardia Urbana – se concentraram na porta do Supremo Tribunal catalão nesta quinta-feira (21/09) pedindo a libertação dos detidos.
No palco montado em frente ao tribunal, desfilaram dirigentes políticos e das principais organizações sociais catalãs, com intervenções solidárias com os detidos e de apelo ao povo catalão para responder nas urnas.
Junto ao quartel da Guardia Civil houve outra manifestação promovida pelos opositores do referendo, que juntou cerca de 150 pessoas, segundo o jornal El Periódico. Com palavras de ordem como “Não votarão!” ou “Viva a Guardia Civil”, a concentração acabou por provocar a reação policial dos Mossos d’Esquadra, quando os manifestantes tentaram ocupar toda a rua.
Até a tarde de quinta-feira, sete dos catorze funcionários já tinham sido libertados, após terem recusado prestar declarações à Guardia Civil. No interior do edifício onde funciona o juízo de instrução nº 13, responsável por ouvir boa parte dos detidos, os funcionários colocaram dezenas de cravos – que se tornaram o símbolo da resistência à operação policial – sobre as mesas.
Agência Efe
Mobilização contra a repressão percorreu toda a Catalunha
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Noutras localidades da Catalunha e de Espanha, realizaram-se quarta-feira concentrações de solidariedade e contra a repressão promovida pelo governo do PP. Esta quinta-feira, as duas principais organizações de agricultores da Catalunha convocaram um protesto para dia 29 de setembro, em que prometem levar os tratores para a estrada contra “o assalto da Guardia Civil” ao governo catalão.
Apesar da escalada de tensão provocada pelas prisões e rusgas policiais a organismos governamentais, os apelos aos protestos pacíficos foram respeitados e foram raras as ocasiões em que a polícia recorreu à violência sobre os manifestantes.
Para além dos crimes de desobediência, prevaricação e desvio de fundos, os altos funcionários do governo serão também acusados de atentarem contra a segurança do Estado, que prevê penas até 15 anos de prisão.
Por seu lado, o Tribunal Constitucional espanhol decidiu aplicar uma multa diária de 12 mil euros aos membros da comissão eleitoral até que provem cumprir a decisão dos juízes, que suspenderam aquele órgão e todas as leis aprovadas no parlamento catalão para a realização do referendo. Para evitar o pagamento da multa, os membros da comissão eleitoral devem renunciar ao cargo até 24 horas após a publicação da decisão em boletim oficial.
Para além do Ministério do Interior ter proibido todas as folgas e férias da Guardia Civil e da Polícia Nacional até a primeira semana de outubro, para mobilizar essa força na repressão do referendo, o governo alugou quatro navios para alojar milhares de policiais nos portos de Barcelona e Tarragona.
Em resposta à chegada do primeiro navio de cruzeiro, a Organização dos Estivadores Portuários de Barcelona, que tem organizado a luta contra a liberalização do setor imposta pelo governo de Mariano Rajoy, anunciou que não irá operar esse navio.
“Somos mais de 1000 trabalhadores portuários de todas as ideologias, e insistimos no nosso compromisso com o diálogo e o consenso, apelando aos governos espanhol e catalão a reabrir todos os fóruns de diálogo necessários até que o conflito possa encerrar-se civilizadamente e sem gerar maior tensão na sociedade”, diz a resolução aprovada na Assembleia de Estivadores Portuários de Barcelona.
*Com Esquerda.Net